segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Geriatras atacam uso de antioxidante e hormônio contra envelhecimento


Terapias que prometem combater os efeitos do envelhecimento, usando vitaminas, antioxidantes e hormônios, não têm comprovação científica de sua eficácia e podem aumentar os riscos de diabetes e câncer.
O alerta foi feito no dia 22 de maio de 2012 por especialistas brasileiros e estrangeiros na abertura do Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, no Rio.
Eles querem elaborar um documento que subsidie o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na formulação de novas regras que coíbam a prática da chamada "medicina antiaging" no país.
Oficialmente, ela não é reconhecida como especialidade médica, mas não há punição para quem a pratica.

Recomendações da sociedade de geriatria contestando preceitos do antienvelhecimento

Fonte: Folha de São Paulo
Crescimento de órgãos
Estudos mostram que essas drogas dobram o risco de tumores de fígado e aumentam em quatro vezes as chances de a pessoa ter diabetes. Também há relatos de acromegalia (crescimento de órgãos, inclusive o coração).
Para o geriatra Thomas Perls, professor da Escola de Medicina da Universidade de Boston (EUA), médicos que estão propondo essa terapia com o propósito de retardar o envelhecimento são "antiéticos e antiprofissionais".
"Nos EUA, não conseguimos muita coisa ao tentar coibir essa prática. Espero que vocês tenham mais sorte", disse Perls à Folha.
Outra crítica foi em relação à venda dos chamados hormônios bioidênticos, que também retardariam a velocidade do envelhecimento.
"Não há nenhum estudo científico sério que ateste algum benefício desses hormônios", afirma a presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Silvia Pereira.
"Não entendo por que o alarde. Os bioidênticos são produzidos e registrados no mundo todo", diz Edson Luiz Peracchi, presidente da Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento.
Outros hormônios (como a testosterona e o tireoidiano) e vitaminas (E, C e betacaroteno) têm sido indicados com o mesmo objetivo, mas, segundo os especialistas, também não têm o apoio das evidências científicas.
Sobrecarga
Um dos riscos da ingestão desnecessária de vitaminas é a sobrecarga dos rins. Pesquisas recentes também associaram a vitamina E a um risco maior de câncer de próstata.
"Em geral, quem tem acesso a essa tal de medicina 'antiaging' é a elite. São pessoas que têm acesso ao conhecimento, mas preferem se iludir", diz Silvia Pereira.

Fonte: Folha de São Paulo