Terapias que prometem combater os efeitos do
envelhecimento, usando vitaminas, antioxidantes e hormônios, não têm comprovação
cientÃfica de sua eficácia e podem aumentar os riscos de diabetes e câncer.
O alerta foi feito no dia 22 de maio de 2012 por
especialistas brasileiros e estrangeiros na abertura do Congresso Brasileiro de
Geriatria e Gerontologia, no Rio.
Eles querem elaborar um documento que subsidie o CFM (Conselho Federal
de Medicina) e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na
formulação de novas regras que coÃbam a prática da chamada "medicina
antiaging" no paÃs.
Oficialmente, ela não é reconhecida como
especialidade médica, mas não há punição para quem a pratica.
Recomendações
da sociedade de geriatria contestando preceitos do antienvelhecimento
Crescimento de órgãos
Estudos mostram que essas drogas dobram o risco de
tumores de fÃgado e aumentam em quatro vezes as chances de a pessoa ter
diabetes. Também há relatos de acromegalia (crescimento de órgãos, inclusive o
coração).
Para o geriatra Thomas Perls, professor da Escola
de Medicina da Universidade de Boston (EUA), médicos que estão propondo essa
terapia com o propósito de retardar o envelhecimento são "antiéticos e
antiprofissionais".
"Nos EUA, não conseguimos muita coisa ao
tentar coibir essa prática. Espero que vocês tenham mais sorte", disse
Perls à Folha.
Outra crÃtica foi em relação à venda dos chamados
hormônios bioidênticos, que também retardariam a velocidade do envelhecimento.
"Não há nenhum estudo cientÃfico sério que
ateste algum benefÃcio desses hormônios", afirma a presidente da Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Silvia Pereira.
"Não entendo por que o alarde. Os bioidênticos
são produzidos e registrados no mundo todo", diz Edson Luiz Peracchi,
presidente da Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento.
Outros hormônios (como a testosterona e o
tireoidiano) e vitaminas (E, C e betacaroteno) têm sido indicados com o mesmo
objetivo, mas, segundo os especialistas, também não têm o apoio das evidências
cientÃficas.
Sobrecarga
Um dos riscos da ingestão desnecessária de
vitaminas é a sobrecarga dos rins. Pesquisas recentes também associaram a
vitamina E a um risco maior de câncer de próstata.
"Em geral, quem tem acesso a essa tal de
medicina 'antiaging' é a elite. São pessoas que têm acesso ao conhecimento, mas
preferem se iludir", diz Silvia Pereira.
Fonte: Folha de São Paulo