A indústria
farmacêutica GSK (GlaxoSmithKline) declarou que vai pagar uma indenização de
US$ 3 bilhões nos EUA. A decisão pode encerrar o que funcionários do governo
americano estão considerando como a maior fraude de saúde pública da história
do país.
O acordo, que
ainda precisa de aprovação judicial, refere-se a alegações de que a empresa britânica
teria agido contra a lei ao fazer propaganda de alguns dos medicamentos que
produz.
Entre as
violações apontadas pelo Departamento de Justiça americano, a GSK direcionou a
propaganda de seu antidepressivo Paxil (paroxetina) a pacientes com menos de 18
anos, embora o fármaco tivesse aprovação para uso apenas por adultos.
Outro remédio
da empresa, o Wellbutrin (bupropiona), também
antidepressivo e usado contra o vício em fumo, foi alvo de marketing para usos
não aprovados pelas autoridades de saúde americanas, como a perda de peso e o
tratamento de disfunções sexuais.
Para promover
os remédios, a empresa distribuiu artigos de revistas médicas potencialmente
enganosos e financiou temporadas em spas e jantares para médicos, favorecimento
considerado ilegal pela Justiça dos EUA.
O
executivo-chefe da GSK, Andrew Witty, disse que a conduta questionável
aconteceu "numa outra era da empresa" e que não voltaria a ser
tolerada. "Quero expressar nosso arrependimento e reiterar que aprendemos
com esses erros", afirmou ele em comunicado por escrito.
O acordo
aceito pela GSK supera o que, até então, tinha sido o maior caso criminal
envolvendo uma empresa farmacêutica nos EUA. Em 2009, a Pfizer aceitou pagar
US$ 2,3 bilhões por causa do marketing inadequado de 13 drogas.
Mas, qual a relação entre a propaganda e o uso
racional de medicamentos?
A propaganda tem
sido um estímulo frequente para o uso inadequado dos medicamentos, sobretudo,
porque tende a ressaltar os benefícios e omitir ou minimizar os riscos e os
possíveis efeitos adversos, influenciando o público, principalmente o público
leigo, a consumir fármacos como qualquer outra mercadoria. Isso contrapõe o conceito
de uso racional de medicamentos.
Assim, deve-se
ter muito cuidado com a propaganda de medicamentos. Da mesma maneira como
aconteceu com a GSK, vários outros casos de propaganda indevida podem acontecer
frequentemente.
Fonte:
- Folha
de São Paulo
- AQUINO,
Daniela Silva de. Por que o uso racional de medicamentos deve ser uma
prioridade?. Ciênc. saúde coletiva, v.13, p. 733-736, 2008.