domingo, 8 de julho de 2012

Propaganda x Uso de Medicamentos


A indústria farmacêutica GSK (GlaxoSmithKline) declarou que vai pagar uma indenização de US$ 3 bilhões nos EUA. A decisão pode encerrar o que funcionários do governo americano estão considerando como a maior fraude de saúde pública da história do país.
O acordo, que ainda precisa de aprovação judicial, refere-se a alegações de que a empresa britânica teria agido contra a lei ao fazer propaganda de alguns dos medicamentos que produz.
Entre as violações apontadas pelo Departamento de Justiça americano, a GSK direcionou a propaganda de seu antidepressivo Paxil (paroxetina) a pacientes com menos de 18 anos, embora o fármaco tivesse aprovação para uso apenas por adultos.
Outro remédio da empresa, o Wellbutrin (bupropiona), também antidepressivo e usado contra o vício em fumo, foi alvo de marketing para usos não aprovados pelas autoridades de saúde americanas, como a perda de peso e o tratamento de disfunções sexuais.
Para promover os remédios, a empresa distribuiu artigos de revistas médicas potencialmente enganosos e financiou temporadas em spas e jantares para médicos, favorecimento considerado ilegal pela Justiça dos EUA.
O executivo-chefe da GSK, Andrew Witty, disse que a conduta questionável aconteceu "numa outra era da empresa" e que não voltaria a ser tolerada. "Quero expressar nosso arrependimento e reiterar que aprendemos com esses erros", afirmou ele em comunicado por escrito.
O acordo aceito pela GSK supera o que, até então, tinha sido o maior caso criminal envolvendo uma empresa farmacêutica nos EUA. Em 2009, a Pfizer aceitou pagar US$ 2,3 bilhões por causa do marketing inadequado de 13 drogas.
 Mas, qual a relação entre a propaganda e o uso racional de medicamentos?
A propaganda tem sido um estímulo frequente para o uso inadequado dos medicamentos, sobretudo, porque tende a ressaltar os benefícios e omitir ou minimizar os riscos e os possíveis efeitos adversos, influenciando o público, principalmente o público leigo, a consumir fármacos como qualquer outra mercadoria. Isso contrapõe o conceito de uso racional de medicamentos.
Assim, deve-se ter muito cuidado com a propaganda de medicamentos. Da mesma maneira como aconteceu com a GSK, vários outros casos de propaganda indevida podem acontecer frequentemente.


Fonte: 
- Folha de São Paulo
- AQUINO, Daniela Silva de. Por que o uso racional de medicamentos deve ser uma prioridade?. Ciênc. saúde coletiva, v.13, p. 733-736, 2008.