terça-feira, 22 de novembro de 2011

Partir o comprimido ao meio pode ser prejudicial ao tratamento?




Por Thaisa Cardoso

Comprimido partido ao meio. Percebe-se uma divisão desigual e a existência se muitas partículas.

A partição de comprimidos é uma prática comumente adotada há muitos anos para a obtenção da dose prescrita do medicamento. Ocorre especialmente quando o paciente necessita de uma dosagem para a qual não há apresentação comercial disponível, quando é necessário adequar a dose a características particulares da terapia e, além disso, com a finalidade de reduzir o custo da terapia, pois, geralmente, comprimidos com doses individuais mais elevadas são mais baratos que os seus equivalentes em doses menores.
Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (ANVISA) alerte sobre o fato de que partir comprimidos pode ser prejudicial aos tratamentos de saúde, essa prática é muito comum no Brasil, podendo ser ainda mais prejudicial ao paciente nos casos em que o medicamento tenha liberação modificada.
Tanto na preparação de cápsulas realizadas pela farmácia magistral como na produção de cápsulas e comprimidos pela indústria farmacêutica, regras rígidas sobre as boas práticas de manipulação/fabricação (RCD nº 67/2007 e RDC nº 17/2010 respectivamente) são seguidas para garantir que cada unidade do medicamento contenha a dose declarada no rótulo do produto.
Esses esforços em garantia da qualidade dos medicamentos, porém, são frequentemente comprometidos quando usuários de medicamentos dividem seus comprimidos em duas ou mais partes para atender às suas necessidades terapêuticas.
Estudos indicam que o procedimento de partição de comprimidos é desaconselhável, uma vez que o teor de fármaco é alterado o que leva ao comprometimento da terapia medicamentosa. Os riscos para o paciente são tanto de sub-dose quanto de super-dosagem o que pode levar a intoxicações.
Assim, uma alternativa mais segura que a partição inadequada do medicamento é a manipulação (em farmácias de manipulação confiáveis) de cápsulas contento a dose individualizada do fármaco.

Referências:
- Ferreira, A.A.A.; Avaliação do efeito da partição de comprimidos de furosemida sobre a uniformidade da dose. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. 2010.
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária